Projetos estourados, equipes exaustas, clientes insatisfeitos… Quem já viveu o caos de um projeto de engenharia e montagem industrial sabe bem o que isso significa. Mas aqui está a verdade incômoda: esses problemas normalmente não acontecem por falta de trabalho ou de dedicação da equipe. O verdadeiro problema está no desprezo pelo planejamento estruturado e na rejeição a um sistema de gestão que muitos gostam de chamar de “bobagem”, mas que é a base para evitar desastres no campo.
Quando alguém menciona o PMBOK, gestores de projetos de engenharia torcem o nariz, achando que se trata de um manual entediante, feito de papéis e planilhas, que serve apenas para engessar o trabalho. No fundo, acham que é uma perda de tempo — uma burocracia sem sentido que só atrapalha quem está lidando com a realidade, com o “mão na massa” dos projetos. A verdade é que, ao rejeitar o PMBOK, esses gestores estão rejeitando exatamente o que precisariam para evitar a ruína. No fim das contas, seguir o PMBOK ou não é a diferença entre entregar um projeto bem-sucedido e passar meses apagando incêndios.
Esse é o grande ponto cego: enquanto tantos profissionais tratam o PMBOK como um fardo, o que eles realmente ignoram é que esse “manual” é o que vai separar quem faz de qualquer jeito de quem entrega resultados. Você pode até achar que não precisa de um guia de boas práticas, que já tem “feeling” o suficiente para resolver tudo no campo. Mas, se você gerencia um projeto industrial de alta complexidade, com prazos curtos e orçamento apertado, aqui vai uma verdade incômoda: o feeling não vai salvar seu projeto. E é justamente por isso que o PMBOK existe.
Agora, claro, tem gente que prefere a aventura, acha que cada dia é uma nova “surpresa”. Mas vamos lá: o que um projeto industrial mais precisa é exatamente o contrário de uma aventura. E, se você ainda acha que pode lidar com um projeto sem aplicar qualquer planejamento de risco, pergunto: você acha mesmo que conseguirá conduzir um projeto de substituição de dezenas de transformadores gigantes que energizam uma cidade inteira sem gerenciar riscos? Imagine o cenário: uma falha na logística, um fornecedor atrasado, uma peça crítica danificada durante o comissionamento.
Cada um desses problemas sozinho já pode ser um desastre para o cronograma, o orçamento e a segurança da operação. Não há um único gestor experiente que ache prudente ou até possível lidar com isso sem ter um sólido controle dos riscos. Esse é o tipo de projeto que merece o uso do pmbok em sua plenitude, bem como as melhores tecnologias disponíveis na engenharia, como nuvem de pontos, BIM, construção modular, etc.
O PMBOK é aquele amigo que te lembra o que realmente importa, que te ajuda a ver o que está à frente e a se antecipar aos problemas. Ele não existe para te amarrar a uma série de processos que “não funcionam na vida real”. Essa desculpa de que “as coisas são diferentes no campo” não passa de uma maneira de evitar a responsabilidade de planejar bem, e o resultado disso é o que vemos aos montes: cronogramas estourados, orçamentos fora de controle, retrabalhos gigantescos e, claro, o “gestor improvisador” culpando tudo e todos — menos a si mesmo.
Imagine que você está num projeto de infraestrutura industrial que envolve dezenas de fornecedores, materiais caríssimos, uma equipe espalhada por diferentes áreas do país. Vai encarar essa operação como se fosse uma partida de futebol de fim de semana? Sem regras, sem planejamento, só contando com a sorte para tudo funcionar? Esse tipo de pensamento faz com que cada detalhe inesperado vire um pesadelo logístico. E aí, quando você menos espera, os prazos já estão ruindo e os custos explodindo. Talvez, da próxima vez, você se lembre de que o PMBOK não é o vilão da história.
Aqueles que sabem do que o PMBOK trata entendem que ele é a base que permite as adaptações, e não uma camisa de força. Acha mesmo que um projeto com centenas de variáveis vai se adaptar sozinho? Que todo problema se resolve “no braço” e na conversa? Desculpe, mas aí você está brincando com o seu projeto e com o dinheiro do seu cliente. A ideia de que “cada problema se resolve quando ele aparece” é exatamente a armadilha que o PMBOK previne. O ponto é bem direto: você não tem o controle de uma adaptação se não sabe exatamente o que está mudando e onde está mexendo. E, sem o PMBOK, ninguém tem.
E, para ser sincero, tem gente que precisa entender outra verdade sobre o PMBOK: você não precisa aplicar todas as suas práticas em qualquer projeto. O guia não é uma camisa de força, mas uma ferramenta que se adapta ao porte e à complexidade do que está sendo executado. O PMBOK é uma estrutura de suporte, de onde se pode escolher quais processos irá utilizar para o seu tipo e porte de projeto, não é um “tudo ou nada”. Então, é sério que você não entendeu que não precisa aplicar todos os conceitos em um projeto simples de montagem de um canteiro de obras? De fato, ninguém em sã consciência aplicaria os mesmos processos de um projeto multimilionário de infraestrutura em uma instalação temporária. Flexibilidade é algo que o próprio guia defende — mas flexibilidade com controle e inteligência.
Temos aqui uma questão de prioridades. O PMBOK permite que você tenha uma visão precisa do que é realmente necessário. Ele é um guia estratégico, um manual de sobrevivência para projetos complexos. Quem acredita que o planejamento não faz sentido porque “a realidade é muito volátil” está vivendo uma ilusão perigosa. Quando você segue o PMBOK, a adaptação vem embasada, segura. Não é o “feeling” que te guia, mas um sistema onde cada decisão é pensada, cada adaptação é calculada e os riscos são mapeados. E, se isso ainda te soa como “burocracia”, talvez a verdadeira bobagem seja a maneira como você encara a complexidade.
O fato é que muitos só percebem a importância do PMBOK depois de uma bela queda. Projetos estourados, equipes exaustas, clientes insatisfeitos. E tudo isso porque, no começo, a decisão foi ignorar um sistema que traria previsibilidade. A ironia é que o PMBOK, para aqueles que têm coragem de segui-lo, permite uma flexibilidade muito maior do que a improvisação, porque ele é construído exatamente para sustentar adaptações. O problema não está na ferramenta, mas em quem insiste em viver o projeto como um espetáculo de malabarismos.
Você pode escolher entre manter as aparências, achar que sua “experiência prática” é o suficiente e continuar fazendo de qualquer jeito. Mas aqui vai um alerta: o mercado está cheio de gestores e engenheiros que fazem isso. E, no final, sabe quem sobrevive? Quem entrega no prazo, no orçamento, sem precisar de desculpas. Sabe o que é o PMBOK de verdade? Uma vantagem competitiva. Porque quem consegue enxergar a adaptabilidade como algo planejado, com respaldo e controle, é quem faz a diferença. E o resto? Bem, o resto chama o PMBOK de bobagem.
No fundo, quem acha que o PMBOK engessa e atrasa o projeto é quem não entendeu o que é ser um gestor de verdade. Adaptar-se, quando bem feito, exige uma estrutura. É como construir um prédio: ou você segue a estrutura correta ou ele não vai suportar o peso. Então, se quer ver o PMBOK como uma “bobagem”, tudo bem. Mas não espere que o seu projeto, ou sua carreira, aguente firme por muito tempo.