Então você está aí, caro leitor, olhando para um isométrico de tubulação com carinho, como se ele fosse aquele par de tênis surrado que você não consegue jogar fora. E eu entendo. Afinal, o isométrico tem sido o fiel escudeiro de engenheiros e montadores por décadas. Mas… já parou para se perguntar se ele ainda é o herói dessa história? Se ainda é ele que carrega o protagonismo ou se já está começando a fazer papel de figurante?
Spoiler: o isométrico não anda mais com a mesma moral de antigamente. Ele está cada vez mais encostado nos cantos dos containers das montadoras, enquanto tecnologias muito mais sofisticadas, elegantes e funcionais roubam a cena. Sabe aquele filme que você assiste e sente que o protagonista envelheceu mal? Pois é, estamos chegando a esse ponto.
“Desculpa, senhor Isométrico, mas o seu tempo já está contado.”
O Modelo BIM e a visão 3D: Isométrico, dá licença que o novo chegou!
Vamos começar pelo básico. O isométrico é aquela representação gráfica da tubulação, bonitinha, planificada, com tudo ali desenhado, medido, anotado. Você sabe do que estou falando. Agora, deixe-me fazer uma pergunta simples: em um mundo tridimensional, por que insistimos em resolver problemas com uma visão 2D antiquada? Aí entra o grande diferencial dos modelos BIM (Building Information Modeling).
Com o uso de BIM, você não só enxerga a tubulação de forma muito mais clara em 3D, como tem uma visão contextual de todo o ambiente ao redor dela. As interferências? Estão lá, gritando na sua cara. A peça que não encaixa? O erro aparece antes mesmo de alguém pegar na chave de grifo. E o melhor? A compreensão é imediata. Você olha para o modelo e entende, sem precisar ser um gênio da engenharia, onde cada coisa está.
É como passar de um mapa de papel rabiscado com anotações complicadas para o Google Maps. O BIM te mostra tudo em tempo real e te dá uma visão que o isométrico nunca vai conseguir igualar. O mais engraçado? O isométrico, coitado, até fica pronto com um clique após o modelo BIM ou uma modelagem 3D no AVEVA E3D ou Plant 3D. Só que ele vira uma consequência, uma espécie de souvenir de um passado arcaico, um vestígio do que antes era feito à mão ou em AutoCAD 2D. Evolução ou quase eutanásia? Você decide.
O isométrico não anda sozinho: Sempre precisa de companhia
Outro ponto que não dá para ignorar é a carência do nosso velho amigo isométrico. Ele não é autossuficiente. Você nunca vai ver um isométrico “voando solo” na execução de um projeto industrial. Junto com ele, sempre vem um séquito: Planta de tubulação, lista de suportes, lista de materiais, procedimentos de montagem. É como aquele chefe que não faz nada sozinho e vive pedindo ajuda de todos os outros departamentos para entregar o trabalho.
É verdade que o isométrico tem sua utilidade, mas ele está longe de ser completo. Ele precisa de anotações adicionais, referências a outros documentos, e a execução do projeto depende de um time de documentos para “amarrar as pontas”. E isso consome tempo, aumenta as chances de erro e, convenhamos, faz a vida do pessoal de campo bem mais complicada do que precisa ser.
Máquinas CNC e a leitura automática: Alguém avisa o isométrico que já fazemos tudo direto?
Enquanto o isométrico está ali, precisando ser interpretado, revisado e ajustado, as máquinas CNC já estão em um nível de inteligência superior. Com poucas linhas de programação é possível fazer com que elas façam a leitura automática dos arquivos de controle que saem direto dos softwares de engenharia. Isso significa que os dados de fabricação dos spools já vão para a máquina sem que ninguém precise ficar quebrando a cabeça com a leitura e interpretação de isométricos.
Quer dizer, enquanto o isométrico fica na prancheta ou na tela de algum coitado, a máquina CNC já está ali, criando as peças prontas para serem montadas. E, sinceramente, é difícil não ver o isométrico começando a perder o sentido quando a CNC simplesmente ignora a necessidade de alguém manualmente interpretar um desenho 2D.
É como se o isométrico dissesse: “Espera, estou aqui para te ajudar!” e a CNC respondesse: “Já fiz tudo, querido, senta lá.”
O pesadelo das atualizações pós-montagem: Quando a realidade atropela o projeto
Agora, se você já esteve em campo, sabe que, no final das contas, sempre vai ter aquele momento em que o projeto inicial simplesmente não bate com a realidade. Seja porque uma estrutura estava no caminho, ou porque a solda saiu de um jeito não esperado, ou porque o encanador resolveu improvisar. E aí, meu amigo, começa o pesadelo: como atualizar o isométrico depois de já ter montado a tubulação de forma diferente do projeto?
Qualquer tentativa de atualizar o isométrico nesse estágio é pura dor de cabeça. Reparem na ironia: o isométrico, que deveria ser o “guia definitivo”, precisa ser modificado porque a execução no campo saiu diferente. Aí começa aquele jogo de gato e rato entre quem está na frente de batalha montando e quem está no escritório tentando “fazer caber” a realidade naqueles limites quadrados do desenho 2D.
E se o isométrico for digitalizado, até dá para fazer algumas alterações. Mas o processo todo é tão trabalhoso que, muitas vezes, o pessoal prefere arriscar e deixar para lá. Aí você tem a grande farsa: o isométrico, que era para ser a solução, vira o problema.
Paper-based? Sério, em plena era das telas?
Não podemos esquecer um dos maiores pecados do isométrico: ele é paper-based. Em um mundo onde a maioria das pessoas não sabe nem mais o que é uma folha de papel, ainda estamos imprimindo isométricos. Faz sentido? Eu te respondo: não.
Enquanto vivemos a revolução das telas, onde qualquer pessoa no canteiro de obras poderia estar andando com um tablet ou até mesmo um smartphone que já te mostra a visão tridimensional do projeto, ainda temos aqueles que carregam pastas de papel, mapas, e sim, os famigerados isométricos dobrados debaixo do braço. Um pouco arcaico, para dizer o mínimo.
E a verdade é que, enquanto o mundo evolui para ser cada vez mais screen-based, os isométricos insistem em ocupar espaço físico. Não seria muito mais lógico simplesmente trabalhar com modelos 3D em campo, permitindo que todos visualizassem os detalhes diretamente no tablet? Seria. E acredite, é para lá que estamos caminhando. O isométrico, nessa caminhada, está ficando para trás.
A Evolução Natural: De um clique no BIM à aposentadoria do isométrico
Se antes o isométrico era feito com todo o suor, traços manuais e depois com softwares 2D, hoje ele é gerado em um clique a partir de modelagens 3D no AVEVA E3D ou no Plant 3D. O que antes era um processo demorado, cansativo e cheio de detalhes, agora é só mais um passo automático. Mas essa facilidade só reforça a ideia de que o isométrico já não é mais indispensável. Ele virou, no máximo, uma formalidade, um produto derivado de um processo maior e muito mais evoluído.
As coisas mudaram, e o isométrico ficou para trás. A indústria caminha para um futuro onde o 3D domina e a eficiência reina. O isométrico, que por tanto tempo foi o norte de todo projeto de tubulação, está vendo sua importância ser minada, não por incompetência, mas porque o mundo simplesmente evoluiu. E, convenhamos, ele não está conseguindo acompanhar o ritmo.
Hora de se despedir
Então, é isso. O isométrico, nosso velho companheiro de tantas batalhas, está vivendo seus últimos dias de glória. O BIM, as máquinas CNC e o 3D são os novos protagonistas. Ele ainda vai ter sua função, claro, mas é bom nos acostumarmos com a ideia de que ele está saindo de cena. Como aquele ator veterano que faz um último papel antes de se aposentar, o isométrico está perdendo relevância. E talvez seja hora de dizer adeus.
Então, caro isométrico, obrigado por tudo, mas o futuro chegou. Fatal error pra você.
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